Relembrar é viver.
Viver é movimentar-se.
Movimentar-se é viver.
Foi através de alguns movimentos que
perceberam que eu seria um apaixonado por artes – dança, em especial.
Aos três anos de idade iniciei minha
trajetória na dança, mas pra mim eu iniciei na barriga da minha mãe. Desde
pequeno era apaixonado por dança, a dança me acalmava, tranquilizava. Se eu
estivesse chorando e de repente tocasse uma música, deixava o choro de lado e
começava a dançar. Essas situações eram bem engraçadas.
Fui crescendo e perdendo o foco da dança,
pois os estudos começaram a me sufocar. Tirar as notas máximas na escola se
tornaram objetivos indispensáveis. Todo ano era a mesma coisa: passava de
segunda avaliação em todas as disciplinas, mas sentia que algo estava faltando.
Naquela época eu não entendia nada, mas hoje tenho consciência que era falta
das vivências artísticas.
Era proibido por meu pai de praticar qualquer
tipo de manifestação artística, então comecei a praticá-las em secreto.
Aos dez anos, meados dos onze, comecei a
participar de quadrilhas infanto-juvenis, mas logo me colocaram para competir
juntamente com as quadrilhas de nível adulto do bairro que morava na época
(Telégrafo). Quando percebi, o diretor da quadrilha Sabor Açaí já estava indo em casa pedir autorização a meu pai, para
que assim eu pudesse competir nos festivais intermunicipais, estaduais e
regionais de quadrilhas (na época acontecia na praça Waldemar Henrique, Comércio,
Belém / PA).
Desde então, não parei mais.
Tive que começar a trabalhar para pagar
minhas aulas de dança contemporânea, que na década de 90 não eram tão baratas
como ultimamente. Dediquei-me intensamente, fiz concurso de bolsas, passei,
tornei-me monitor da minha professora Bárbara Santos e hoje sou professor na
escola que comecei meus passos profissionais na dança, Ballet Jackeline Mendes.
Viajei, mesmo sem dinheiro, dois anos
consecutivos para São Paulo onde fiz cursos de sapateado americano com a Prof.ª
Vanessa Senna, percussora do sapateado na igreja no Brasil; afro com
professores baianos; jazz musical com o ensaiador de Cats, da Broadway, Prof. Adenis; aula de dança contemporânea e
ballet clássico com os primeiros bailarinos do Houston Ballet – USA; além de
interpretação cênica, preparação física para bailarinos, contato e improvisação
com os professores da Cia Jeová Nissi de Artes (maior companhia de artes cristã
da América Latina).
Paralelamente, fiz cursos de técnicas
circenses na Fundação Curro Velho, especializando-me em tecido aéreo e
acrobacias. Sempre gostei de experimentar coisas novas, ir até meus limites.
Sou apaixonado por coisas que me desafiam, e o circo me levou a exaustão.
Apaixonei-me!
Vale ressaltar que a minha vida artística era
reforçada na igreja, cuja incentivava meu caminho nas artes. Desde os meus 17
anos trabalho com arte dentro da igreja, sejam elas coreografias simples ou
espetáculos de três dias de duração no período da Semana Santa. A igreja foi/é
meu refúgio artístico e Deus minha inspiração.
Toda essa dedicação me levou a fazer aulas
com professores renomados do Bolshoi[1] no
Instituto de Artes do Pará – IAP, além de ter aulas com o coreógrafo da Anitta[2],
Cia Fócus de Dança (patrocinada pela Petrobrás), Toshie Kobayashi, entre
outros.
Em 2008 fundei a Cia Blessed de Artes Cênicas
de Benevides, cujo objetivo era de juntar artistas que trabalhavam dentro das
igrejas e compartilharmos experiências. A Cia desde então começou a participar
de festivais locais, estaduais, nacionais e internacionais, desmistificando o
amadorismo da arte cristã.
Tive aulas de canto para
preparação vocal de bailarinos de musicais na Escola de Adoradores, em
Belém/PA, dirigi e contracenei o espetáculo Édipo
Rei, na Universidade Federal do Pará em Castanhal e, a partir de 2012
fundei e coordenei, juntamente com a Prof.ª MsC. Ana Alice de Melo Felizola (in memoriam) o Simpósio
Artístico-Literário de Castanhal da Universidade Federal do Pará, campus Castanhal, que no ano de 2015
chega a sua 4ª edição de muita poesia, dança, teatro e reflexões sobre o ensino
de letras e áreas afins.
Em novembro de 2014 terminei
minha licenciatura plena em Letras, habilitação em língua portuguesa (UFPA),
onde participei por dois anos do projeto de pesquisa intitulado Tradução, memória e arquivo, coordenado
pela Dr.ª Sylvia Maria Trusen, que me inspirou a produzir minha monografia
intitulada Folcloriar e
interculturalizar: uma arte de (trans) formar, aprovada com conceito máximo
e sugerida como proposta de intervenção para a Secretaria de Educação do
Município de Castanhal.
No ano de 2014 dirigi e
coreografei o espetáculo Caim e Abel: o
primeiro homicídio, que foi estreado e reapresentado no Teatro Estação
Gasômetro, em Belém, que me fez ser convidado em janeiro de 2015 pela Projeto
News & Produções a participar, ministrar oficinas e coreografar o DVD Pensamentos em Santa Cruz do Capibaribe,
Pernambuco. Aproveitando a viajem, fiz aulas intensivas de frevo e maracatu.
Foi amor à primeira vista!
Atualmente continuo como
professor de dança contemporânea, jazz, dança moderna e afro no Ballet
Jackeline Mendes e coordeno a Cia Blessed de Artes Cênicas, de Benevides, que
está em pleno funcionamento com o projeto de pesquisa A casa da luz vermelha, com o intuito de compilar narrativas de prostitutas
e travestis, resultando em um futuro espetáculo.
Olhar para trás e ver sua
trajetória é gratificante. Que a vida seja cheia de movimento, para que assim,
ela seja cheia de vida!
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