quarta-feira, 16 de março de 2016

SOMOS RIO, SOMOS MARGEM, SOMOS A TERCEIRA MARGEM

      Rodeado de pessoas, mas sozinho sempre. Não importa o quão importante você seja, sempre haverá um impasse que norteia suas margens.
Somos inconstância, somos vento, somos rios, que por vezes apresentam águas turvas, de difíceis visibilidade de sua profundidade, mas, outrora, transparentes, límpidas, puras como um sorriso de uma criança que se deleita ao amamentar-se.
   Os rios contornam nossas emoções, banhando nosso temperamento e mostrando quem verdadeiramente somos, tornando-nos "de dia e de noite, com sol ou aguaceiros, calor, sereno, e nas friagens terríveis do meio-do-ano, sem arrumo [...] por todas as semanas, e meses, e os anos", total escravo de nossas próprias margens.
      O homem, o rio, o eu, o tu... Todos buscamos desbravar nosso peito, nossa consciência, provocando um constante confronto que resulta o brutal deparo com a real terceira margem do rio, desejando que apenas nos "depositem também numa canoinha de nada, nessa água, que não pára, de longas beiras: e, eu, rio abaixo, rio a fora, rio a dentro", mantenho-me inquieto por respostas de meu universo, o rio.
                                                         (Igor Marques, entrelinhas)

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